Estará a humanidade a perder a sua ligação com a árvore da vida?

`` Na sequência do sucesso evolutivo de um primata excecionalmente voraz ao longo de toda a sua história, podemos avaliar que o avanço humano contribuiu para a devastação ecológica. A destruição do mundo natural é o resultado do capitalismo global, da massiva industrialização criada pela civilização ocidental, a grande falha na evolução da instituição humana. ´´


 "Você deve ir em busca de si mesmo, e você se encontrará

 novamente apenas nas coisas simples e esquecidas. 

Porque não ir, literalmente

 para a floresta por uns tempos ? Às vezes, uma árvore

 diz-lhe mais do que pode ser lido nos livros..."


- Carl Jung

 

Ao decorrer dos milénios criamos uma sociedade com várias

 maneiras de olhar e interpretar a ideia dos “direitos da natureza”, e

 todas essas ideias (neste mundo moderno) são conceituadas por uma

 sociedade que nos separa amplamente da natureza com diversas

 camadas de tecnologia – tantas camadas essas, que, na verdade, e na

 maior parte das vezes podemos facilmente passar os dias

 esquecendo que somos parte integrante da própria natureza.

 

Alguns cidadãos entendem os “direitos da natureza” como o direito

 do mundo natural de existir, prosperar e regenerar, isso sem atribuir

 nenhum significado jurídico específico à palavra “direitos”. Neste

 caso, no conceito de direitos, é evidente que todos os seres vivos,

 rios, oceanos, humanos, baleias ou insetos – compartilham o

 mesmo direito de existir e florescer, e que nenhuma espécie ou

 comunidade tem mais direito de existir do que qualquer outra.

 Alguns chamam isso de “direitos naturais” – direitos fundamentais

 que não dependem das leis de nenhuma outra cultura em particular.

 

Na era pós-moderna, o direito, ou os “direitos da natureza” assumem

 um significado ainda mais complexo, assim como a palavra

 “direitos”, no geral. 

Por exemplo, quanto o direito que um investidor ou construtor

 obtém ao adquirir licença para construir um centro comercial que

 colide com o direito de existir de uma lagoa cheia de vida ou o de

 uma magnífica árvore centenária que continua a viver e florescer a

 seu ritmo, quem ganha, as árvores e a lagoa ou o construtor que

 proporciona que esse habitat seja extinto?

 

Grande parte da lei moderna existe para responder a essa pergunta e

 está definitivamente do lado do construtor, porque ele tem

 “direitos de propriedade” – o direito de “possuir” a terra, a água, as

 árvores e a fauna, que vive nesse habitat. Infelizmente, esses

 habitats que futuramente vão ser destruídos geralmente não

 participam da discussão da lei e, portanto, os direitos que estão a ser

 julgados nos tribunais não são entre um construtor e uma lagoa, mas

 sim entre um investidor e aqueles que desejam proteger a natureza –

 pessoas essas que não têm direitos de proteção, mas que possuem

 em si o direito de expressar em voz alta a sua indignação. 

Pode imaginar o bom que seria e o que a árvore diria se pudesse

 testemunhar, sacudir as suas folhas e falar na nossa língua para

 poder contar sobre a sua história, as suas relações com os pássaros,

 os insetos ou as outras árvores, e afirmar o seu direito natural à vida.



Antes que os humanos se separem de uma vez por todas da natureza

 com esta nova tecnologia que todos conhecemos bem e sabemos o
 que está por vir, não nos devemos esquecer que somos e fazemos
 parte da natureza, podemos e devemos considerar sempre esta
 árvore como a nossa parente. Devemos amá-la sempre pelo facto de
 nos proporcionar sombra nos dias quentes de verão, por nos dar
 nozes ou frutas através dos seus galhos, por nos dar a respirar o
 oxigénio que ela exalava das suas folhas e por nos dar o material
 que cuidadosamente trabalhamos para fazer utensílios úteis para a
 vida diária. O direito que ela tem de viver e florescer devera ser
 igual ao nosso direito de viver e florescer – nós e elas deveremos ser
 um só todo entre o mesmo. Nós protegemos estas árvore com as
 nossas vidas porque a vida dela também é a nossa vida.
 Dependemos do seu bem-estar para podermos ter um futuro
 promissor.
Agora devemos parar para pensar que a sombra das árvores que
 supostamente nos devia climatizar em casa provem do ar
 condicionado, que suga kilowatts de eletricidade feita por rios quase
 mortos por barragens e usinas geradoras de CO₂ longe dos lugares a
 que podemos chamar de “bonitos” no caso de ser uma central
 fotovoltaica o cenário é ainda mais drástico. Pensemos ainda que a
 nossa comida que vem do supermercado deu origem ao progressivo
 desmatamento da Amazónia. Pensemos que o oxigénio que
 respiramos está a ser rapidamente anulado pelos gases de efeito de
 estufa, e que as nossas cestas de compras são feitas de petróleo
 extraído do solo e transformado no veneno a que chamamos
 “plástico”.
 
Pensemos ainda que quando uma lagoa ou uma velha árvore é
 morta para implementar um novo Centro comercial, não lamentamos a sua perda como faríamos com um ente querido, porque não aprendemos a valorizá-la como sendo da nossa família. Ela é apenas uma árvore. Ou melhor, ela era apenas uma árvore.

 


Antigamente, ninguém sentia a

 necessidade de explicar os direitos

 da natureza porque esses direitos

 eram os nossos direitos. As nossas

 economias eram determinadas

 puramente pela saúde das

 comunidades naturais em que

 vivíamos e com as quais vivíamos.

florescimento dessas significava

 o nosso florescimento.

 A regeneração delas

 significava a

 nossa regeneração.


Presentemente, degradamos com quase todas as nossas ações,

a capacidade de transporte de vida no único planeta do Universo que

 sabemos que sustenta vida.

Nós envenenamos diariamente o ar, a água e o solo enquanto alguns

 nos falam demagogicamente de “direitos de equilíbrio” enquanto

 chamamos árvores e animais de “isso”, objetivando-os e

 mercantilizando-os. A desgraça tem sido geral, betonamos rios,

 pavimentamos áreas húmidas, derrubamos enormes montanhas para

 a extração de minérios e cortamos as últimas antigas florestas.

 

A “Economia” de hoje significa crescimento infinito num planeta

 finito, e os “direitos” dos empreendedores construtores quase

 sempre vencem os “direitos” da natureza existir e prosperar.

 

As poucas concessões que fazemos ao “meio ambiente”geralmente falham em proteger as comunidades naturais do planeta porque as leis ambientais são projetadas para serem quebradas, desde que a empresa que faz a quebra tenha o direito de construir, ou seja, permissão para destruir.


Esta situação é - ou deveria ser - a definição de insanidade.

E neste contexto, os direitos da natureza são apenas um exercício

 intelectual, pois esquecemos o que a natureza realmente é: somos

 nós; é o que nos sustenta, é o que sustenta milhões de outras

 espécies neste planeta; é o próprio planeta vivo.

 Lembrem-se que os “direitos da natureza” são uma ideia exigida

 apenas por uma sociedade que se esqueceu disso, caso contrário não

 faria falta relembrarmos que esses direitos existem.

 

Em Terras de Barro Pedra e Cal não acreditamos que a

 humanidade seja insustentável, acreditamos, sim, que a

 civilização industrial é, sim, a culpada dessa insustentabilidade. Os

 humanos viveram milhões de anos antes de começarmos a destruir a

 Terra em função do progresso e do abusivo lucro que isso

 proporcionou. Lembrem-se que é o nosso novo modo de viver que

 nos está a matar caso contrario será... 





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