Arquétipo - Ecosofia - Fluxo
Não foi através de Jung, que conheci a minha sombra, mas foi
através dela que conheci o conceito de Jung. E você conhece
a sua sombra?
O arquétipo é um conceito que representa o primeiro modelo
de algo, protótipo, ou antigas impressões sobre algo. É explorado em diversos
campos de estudo, como a filosofia, a psicologia e a narratologia.
Foi assim, que o
helvético Carl Gustav Jung construiu conceitos originais e abriu novas
perspetivas de entendimento da mente humana, desdobrando-se da sombra de Freud
a partir de ideias como os arquétipos e o inconsciente coletivo.
É importante salientar, que os arquétipos não possuem formas
fixas ou pré-definidas.
Segundo Jung:
“Nenhum arquétipo pode ser reduzido a uma simples fórmula. Trata-se
de um recipiente que nunca podemos esvaziar, nem encher. Ele existe em si
apenas potencialmente e quando toma forma em alguma matéria, já não é mais o
que era antes. Persiste através dos milénios e sempre exige novas
interpretações. Os arquétipos são os elementos inabaláveis do inconsciente, que
mudam constantemente de forma”.
Na primeira parte do seu livro O Homem e os seus Símbolos ele afirma: minhas visões sobre os "remanescentes arcaicos", que chamo de "arquétipos" ou "imagens primordiais", têm sido constantemente criticadas por pessoas que carecem de conhecimento suficiente da psicologia dos sonhos e da mitologia. O termo "arquétipo" é muitas vezes mal interpretado como significando certas imagens ou motivos mitológicos definidos, mas nada mais são do que representações conscientes. Tais representações variáveis não podem ser herdadas.
O arquétipo é uma tendência a formar essas representações de um motivo - representações que podem variar bastante em detalhes sem perder o seu padrão básico.
Embora haja uma variedade de categorizações de arquétipos, a
configuração de Jung é talvez a mais conhecida e serve como base para muitos
outros modelos. Os quatro principais arquétipos a emergir de sua obra, que Jung
denomina originalmente imagens primordiais, incluem a anima/animus, o Si-mesmo,
a Sombra e a Persona. Além disso, Jung referiu-se às imagens do Herói, do
Espírito ou Velho Sábio, da Criança, da Mãe e da Donzela.
Ele acreditava que cada mente humana retém esses
entendimentos inconscientes básicos da condição humana e do conhecimento
coletivo da nossa espécie na construção do inconsciente coletivo. (1) Fontes Wikipédia
No vídeo que se segue, apresentamos o excelente trabalho realizado
por Adrian Iliopoulos para o seu canal de Youtube THE Quintessential Mind.
Recomendamos que o veja para poder entender e definir a sua sombra.
Com que frequência questiona você a natureza da sua
realidade?
Conhece você a sua sombra?
Carl Jung
and the Shadow – The Mechanics of Your Dark Side
Em cada história,
existe um herói e um vilão.
Na sua história, você
é ambos.
Todos os aspetos
brilhantes e sombrios de sua personalidade orquestra a melodia da sua música.
Uma música que você
precisa ouvir primeiro, antes de qualquer outra pessoa.
Mas, para a ouvir,
você precisa aprender a ouvir.
Para ouvir não apenas
o que você quer, mas também o que você tem medo.
Os seus medos e a sua
escuridão não estão separados de você. Não os evite.
Enfrente-os,
analise-os, internalize-os.
A sombra está sempre
lá e sempre estará.
Mas a sombra pode
parecer grande ou pequena, dependendo do ângulo a partir do qual a luz o
acaricia.
Qual é o tamanho da
sua sombra?
- Adrian Iliopoulos
A sombra dentro da Semiótica da arte também pode ser entendida
como, Signo.
A tradição semiótica explora o estudo de signos e símbolos
como parte significativa das comunicações.
O signo como elemento do processo de comunicação
O signo, entidade que é portador da mensagem ou do fragmento
dela. Cada signo é uma unidade dicotómica, composta pelo significante (em latim
signans), quer dizer alguma forma física, e pelo significado (signatum), quer
dizer referente exterior. De maneira mais geral, os signos podem ser divididos
em arbitrários e motivados. Entre si organizam-se através das relações
paradigmáticas (in absentia) e sintagmáticas (in præsentia). Os tipos mais
frequentes do signo são ícone, símbolo e signo arbitrário.
A semiótica inclui o estudo de sinais e processos de signos,
indicação, designação, semelhança, analogia, alegoria, metonímia, metáfora,
simbolismo, significação e comunicação.
A mesma é frequentemente vista como essencial nos âmbitos antropológicos, filosóficos e sociológicos; o semiólogo e romancista italiano Umberto Eco propôs que todo fenómeno cultural possa ser estudado como uma comunicação.
Ao aprofundarmos o Caráter do arquétipo da minha sombra,
continuamos a viagem na área da psicanálise filosófica de onde tenho que trazer
à luz uma grande figura do Maio de 68. Figura esta que viria moldar todo o
conceito de ecologia contemporânea e dar início a este grande movimento.
Com o termo Ecosofía Félix Guattari viria a forjar os
alicerces do pensamento ecológico e da contracultura da época dos 60. A junção
das duas palavras é um conceito teorizado por ele que aproxima atitudes
ecológicas com o pensamento abstrato humano.
O termo Ecosofia,
viria a ser redefinido em 1999 com a publicação do livro As três Ecologias que
estabelece a relação entre os três conceitos: o meio-ambiente, as relações
sociais e a subjetividade humana. É importante salientar também o seu último
trabalho chamado "Caosmose".
E como a partir de um conceito nasce outro conceito que vou
ter que juntar à equação o outro pai da ecologia profunda o filosofo Arne Næss.
Foi ele que cunhou a distinção entre o que chamou de pensamento ecológico raso
e profundo. Em comparação com o pragmatismo utilitário dos governos e
organizações privadas ocidentais, ele defendia que uma perceção verdadeira da
natureza promoveria um ponto de vista que apreciaria o valor da biodiversidade,
compreendendo que cada ser vivo é dependente da existência de outras criaturas
na complexa rede de inter-relações que é o mundo natural. O estudo de ambos autores ainda se encontra em
fase de construção do seu sentido, não havendo uma definição única e exata de
momento para os fixar. O que remetemos para a ideia de obra aberta em evolução.
A Videografia que se segue documenta o discurso filosófico
de ambos in vita.
Videografias
FÉLIX GUATTARI: ENTREVISTA COMPLETA PARA TV GREGA (1992) -
Legendado em PT/BR
The Call of
the Mountain ~ Arne Naess and the Deep Ecology Movement (full version)
Começamos assim por considerar a pluralidade que a minha sombra
oferece em relação à ecologia.
Como podemos constatar existem diferentes leituras para essa mesma realidade baseada nos pensamentos filosóficos que acabei de citar, das quais destacaria três leituras como definição: uma mais antropocêntrica, uma mais biocêntrica e outra mais social-dialética. Todas operam com os mesmos componentes: cosmos, criação e ser humano; mas com perspetivas diferentes, que originam posições éticas diferentes.
Umas anunciam o mistério do ser humano,
outras insistem que a crise ecológica esconde uma crise ética, socioeconómica,
política, civilizacional e de valores, gerados por injustiças nacionais e
internacionais. A tecnologia também faz parte da crise ecológica, pois é
imediatamente responsável pela degradação do meio ambiente.
Por fim, podemos assinalar e valorizar, as diferenças que
marcam cada ser, ajudar na resolução de conflitos, lembrando os valores
fundamentais, buscando soluções alternativas, anunciando a possibilidade de
novas relações humanas.
Ora, são estas questões filosóficas, questões existenciais, dissertação
poética da vida que anima este incrível universo das letras e do pensar de onde
provem parte da minha inspiração para a construção deste heterônimo.
Heterônimo, sim porque não, também podemos-lhe apelidar com
esse nome na construção do signo da minha sombra. É importante esclarecer os
leitores que as Cidades de luz e sombra também pertencem a este conceito e foram
construídas dentro destes parâmetros de apreciação universal.
o carinho de mão do Sr. alfabetário
No teorema filosófico de Kant (1724 – 1804) que cunhou o
termo heteronímia, encontramos a resposta que remete para a condição humana de
quem tem as suas vontades e paixões moldadas pela consciência moral, não
exercendo os seus impulsos inconscientes com autonomia e liberdade.
Segundo Carl Jung, no
seu ponto de vista sobre a moral (Aion 1951) este teorizou-o da seguinte forma.
“A sombra é um problema moral que desafia toda a
personalidade do ego, pois ninguém pode se tornar consciente da sombra sem um
esforço moral considerável. Tornar-se consciente disso envolve reconhecer os
aspetos sombrios da personalidade como presentes e reais. Este ato é a condição
essencial para qualquer tipo de autoconhecimento”.
O conceito da minha sombra oferece a possibilidade de
transvase dessa rígida anormalidade da consciência moral no qual a sociedade no
geral se aprisionou. Lembrem-se que a viagem será também feita em função do
conceito de liberdade absoluta. A Catarse, a limpeza, a libertação ou
purificação da mente humana.
Dentro da Psicanálise este termo teve as suas raízes na
abordagem psicanalítica de Sigmund Freud. No entanto, deve-se notar que a
própria palavra teve o seu momento de ouro com Aristóteles.
O filósofo grego usou essa palavra para definir o próprio
propósito da tragédia nas artes performáticas. Ou seja, o mecanismo pelo qual
podemos nos purificar emocionalmente, mentalmente e espiritualmente.
relógio de sol
Como referimos no começo deste diário de bordo, o fenómeno
da heteronímia explorado por vários autores foram uma das motivações que me
levou a adotar o conceito da sombra como narrativa para poder formular este
Blog.
O pretendido é
leva-los através do processo criativo da sombra companheira essa de viajem,
jardineira aliada do meu jardim interior, aquela que se passeia comigo pela
natureza sem lhe causar dano e que oferece proposta para o plantio de um novo
orto coletivo.
Em Terras de Barro Pedra e Cal a nossa realidade não é fixa,
mas sim in fluxo do movimento constante da corrente e do pensamento profundo da
Ecosofico.
É esta a energia que alimenta a locomotiva, na qual o fluxo
filosófico do meu Arquétipo se molda, identifica e se dilui.
To see a World in a Grain of Sand
And a Heaven in a Wild Flower
Hold Infinity in the palm of your hand
And Eternity in an hour...
[from Auguries of Innocence by William Blake]
Novo milénio novo Paradigma social.
Que futuro na espera
após a antevisão destes videntes do presente?
Em memoria, do saudoso amigo Fernando Grade, companheiro de
atelier no período,
de 1996 -2000, onde em tertúlia e trabalho debatemos e
desenvolvemos matéria com base nos conceitos de semiótica na arte, ecologia e
espiritualidade, alienação urbana e as suas bipolaridades arquitetónicas.
A cacofonia do ser
humano, e a perda da sua identidade fase ao enfrentamento do mundo global que
se avizinhava com a entrada no novo milénio.
Nota: As fotografias, que ilustram os conceitos anteriores,
são fragmentos de exposições e de futuros projetos idealizados para este Blog.
Alexandre de Maia Cabrita — fotos USA 2011.
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