Sincronicidades no Apeadeiro

Ao iniciarmos, viagem na índia com Vandana Shiva, achamos bem continuar o que iniciámos num outro blog de narrativa de viagem, blog esse que data de 2008 e que acabei abandonando com o tempo, porque queria criar algo mais abrangente e diversificado como o emterrasdepedrabarroecalblogspot.  No reciclar do conteúdo desse blog, resolvi transcrevê-lo, de forma a dar um novo sentido na viagem do mesmo. Para que isso ocorresse, houve a necessidade de o moldar nesta nova paisagem.

Para esse efeito, foi necessário dedicar algum tempo. Por isso pedimos desculpa se tiveram que esperar, mas tivemos que aguardar pela chegada deste comboio que circulava em linha contrária. Existem muitos comboios em linha, estes dois são os meus e nem sempre chegam na hora prevista. 

De qualquer forma, os apeadeiros, são para nós, sítios de pausa e contemplação.

 São também locais de ocorrência de intercepções nas linhas onde podemos apreciar várias histórias paralelas ou até mesmo encontrar e fazer novos amigos, como foi o caso do Corpo de Hoje.

No início desta viagem, mencionei-vos os meus bailarinos cósmicos e eis que surpresa encontrar a Ana Borges neste momento de pausa. Passámos um bom momento com ela e por isso o seu itinerário fica aqui registado connosco no tempo.

Em "terras de barro pedra e cal", encontramo-nos com amigos, divulgamos as suas histórias e os seus percursos criativos.

``Still frame´´- hOPPERhOPE Performance instalação de Ana Borges

Para isso, Ana Borges entregou-nos uma mala para levarmos como bagagem.

Dentro da mala, ela instalou um grande círculo, onde fez dançar nos ponteiros do grande relógio cósmico, a humanidade.

Performaram, um ritual, com os cinco elementos no ponto mais sacro do finisterra europeu. A alma atlante, dançou no plexo solar de Sagres, onde a terra esculpida pelo vento, abraça o mar.

E ao vento, a comunidade envolvente lançou poemas e dissertou frases de esperança.

"debaixo do mesmo sol" ... " Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos"… disse a voz do grande pensador às sombras que circum-navegam o círculo etéreo.

 (Antoine de Saint-Exupéry).

Na reflexão sobre a natureza da "corpo de hoje" através do seu pensamento abstrato, prosseguimos viagem neste festival com as abordagens empíricas aos vários elementos.

A mulher sombra, o retrato, a casa, o corpo de Eva e a sua interioridade, a ausência e o reencontro no confinamento. A viagem sonora, a água e a sua catarse coletiva, uma reflexão sobre a existência de género, e as ilhas. 

Et voilà, melhor cardápio não poderia existir para nos debruçarmos sobre os problemas existenciais da humanidade em dias de confinamento.



 O CORPO DE HOJE festival de artes performativas de Tavira, poderá ser visualizado online a partir da página da corpodehoje: https://www.facebook.com/corpodehoje/ , através de links para cada espectáculo, criados em formato digital especialmente para ser visualizado online, no contexto de confinamento devido ao tempo de pandemia que atravessamos. Visite-os, deixe o seu testemunho de passagem, interaja, comente, e desfrute de o que ele lhe oferece. https://vimeo.com/user66463929 fbclid=IwAR264GrkVJVSp05lBZ7Z7yTUyS9UZ4vpL__ynTCKvodrgPI9BoO4nr6I3fA 

Entretanto, já vejo Brama vir pensativo. Guardou os downloads junto do coração. Agora só falta processá-los, e acoplar as várias carruagens do velho combóio neste novo percurso de viagem.



Neste momento de pausa gostaria também de fazer uma homenagem a Harold Budd que acaba de falecer.

Eu sou apologista da ideia, que enquanto uma pessoa viver, acompanhada pelo pensamento de outra que morreu fisicamente, a vida do mesmo não acaba. O que nos remete, para a condição de ter de continuar a divulgar a sua obra.

Para que o mesmo não morra no esquecimento, seja qual for a existência de forma ou expressão que nos deixou, se a soubermos transmitir às futuras gerações, então este nunca morrerá, pelo contrário vai encontrar-se bem vivo entre nós.

No caso deste músico, as suas composições já estão comigo faz 30 anos, ou seja, aos 15 anos de idade comecei a ouvir a sua música. Hoje ainda viajo com ele.



De sua forma física partiu no passado dia oito para o etéreo, não poderia ser melhor dia de partida se não num dia 8, um dia de looping, que em 2020, ano de duplicidade astrológica entre a conjunção exata de Júpiter e Saturno, no grau zero de Aquário, que só acontece uma vez a cada 20 anos, gerando assim novas tendências sociais e económicas, que segundo as previsões, vão-se estender pelas duas próximas décadas.   Astrologicamente estamos a iniciar um novo ciclo.

Se deitarmos o 8, na horizontal, obtemos o símbolo do infinito, que por associação podemos agregar este conceito, ao descrever a técnica de looping contida na música ambiente deste músico.

 Levamos então connosco nesta viajem, um quarto reservado a esse propósito, uma paisagem sonora circunscrita na geografia interior do mesmo.

Um presente de Harold 

Relaxe, mantenha a calma, respire fundo e deixe-se levar pela música e a contemplação.

Em breve seguiremos viagem.






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